sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Menos um que fazia a diferença

Estudante da UFPE é assassinado a tiros.

Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, foi assassinado com dois tiros na cabeça em sua residência

Reprodução / TV Globo

O dia foi de muita tristeza para todos que, nos últimos três anos, se emocionaram com a história de um jovem do Recife. Alcides do Nascimento Lins (foto 1) nasceu numa comunidade pobre e conseguiu passar no vestibular de Biomedicina, da UFPE, em 2007. Sonhava em se formar, mas a família não poderá ver o estudante receber o diploma. O jovem foi assassinado.

Na rua onde Alcides morava, a presença da Polícia chamava a atenção na manhã deste sábado (6). O estudante morava com a mãe e três irmãs, numa casa simples, na Vila Santa Luzia, no bairro da Torre. Alcides, de 22 anos, era um vencedor. De família pobre, filho de uma catadora de lixo, ele tirou o primeiro lugar entre os alunos da rede pública no vestibular 2007 da Universidade Federal de Pernambuco, quando passou em Biomedicina.

Foi uma festa para a mãe, dona Maria Luiza, que não se continha de alegria quando viu o nome do filho no listão dos aprovados. A história de superação foi contada para todo o Brasil, no Globo Repórter e no Fantástico.

Em três anos, o reitor da UFPE, Amaro Lins, construiu uma relação de amizade com Alcides. Neste sábado (6), ele se emocionou ao falar da forma trágica como o jovem morreu. "Que seja um exemplo para que todos nós possamos nos empenhar para mudar esse País e dar oportunidade a milhões de 'alcides' que estão espalhados em todos os recantos, para que eles não venham a ter um fim trágico como esse. Para que eles possam ter o futuro que Alcides teria, caso esses marginais não tivessem ceifado sua vida", afirmou o reitor.

Vizinhos e amigos não se conformavam com a morte de Alcides. "Ele era o exemplo da vila, da Torre. Era um menino calmo, muito educado. Todo mundo está chocado", lamentou a vizinha Taciene Souza.

O crime foi perto da meia-noite da sexta-feira (5). Alcides levou dois tiros na frente de casa. De acordo com vizinhos que não quiseram gravar entrevista, os dois bandidos teriam vindo buscar um rapaz numa casa ao lado. Baleado, Alcides ainda foi levado para o Hospital da Restauração, onde morreu durante a madrugada.

Maxwil Pereira da Silva faz parte do grupo de jovens da Igreja da Torre, que também era frequentado por Alcides. Ele mal acreditava no que tinha acontecido. "Eu sempre conversava com ele e pensava: esse vai ser um cara de futuro, vai entrar para a história. E de repente ter a vida interrompida por marginais, por pessoas que nem ao certo sabiam a pessoa grandiosa que ele era", disse.

Dona Maria Luiza saiu de casa vestindo a bata branca que o filho usava no estágio que fazia no Hemope. Depois, na Delegacia, desolada, ela não quis falar. Mas o gesto de olhar o cartaz da UFPE com a foto do filho vale mais do que qualquer entrevista .
Reprodução / TV Globo

A polícia ainda está no início da investigação. "Estamos trabalhando com a hipótese de que o alvo não seria o Alcides, mas vamos escutar todas as pessoas que de certa forma presenciaram o crime", afirmou o delegado Fred Marcelo.

O enterro de Alcides está marcado para este domingo (7), às 11h, no Cemitério de Santo Amaro. O delegado que vai assumir a investigação a partir de segunda-feira é Isaías Novaes.

 
Há muito tempo uma notícia não mexia tanto comigo como essa. 
Fiquei emocionada  e me identifiquei demais com a história de superação desse jovem: pobre, negro e sem a nenhuma perspectiva aos olhos da sociedade.
Quem conhece de perto a minha história sabe do que estou falando.

Mas o que dói é que vivemos em um país que extermina até as nossas poucas possibilidades, quando estas surgem na vida de pessoas como Alcides. 
Pessoas como eu e você.

Sinti muito e de verdade pelo desfecho trágico dessa história que tinha tudo para ser de sucesso, mas que foi interrompida dessa forma tão covarde!
Nesse momento, diante de uma perda tão grande para a família e para o país, é inútil procurar culpados, recorrer à justiça dos homens.
Não adianta mais tentar remediar o que já não tem remédio!

Mas a pergunta que fica é a seguinte: Quantos Alcides-Exemplo, esse país terá que perder para rever o sistema?
Quantas catadoras de papel terão que perder seus filhos, aqueles em que depositaram todas as esperanças de uma vida melhor, para que os gestores da nossa nação passem a se preocupar menos com suas cuecas abarrotadas de notas de R$ 100,00 e finalmente façam aquilo que foram designados a fazer?

É revoltante sim, é se de indignar sim, é de se frustrar sim, é de chorar sim!

Mas, se existe algum conforto que possa, nesse momento, tranqüilizar o coração dessa mãe e de outras tantas que sofrem a morte dos seus filhos inocentes por esse Brasil afora, esse conforto vem de Deus.
Aquele que é chamado por Isaías de JUSTIÇA NOSSA.
E é somente nessa justiça que temos que confiar.

Eu lamento profunda e sinceramente pelo fim da tragetória de um jovem que apenas estava iniciando sua história. 

História curta, mas que marcou a muitos pela dignidade e exemplo de sucesso.
Coisa que temos visto muito pouco nos últimos tempos, especialmente se olharmos os históricos do nosso país "de cima pra baixo".

Lamento e me sensibilzo.

E deixo essa postagem como um grito de SOCORRO!
Porque uma nação quando perde todos os conceitos de valores possíveis, precisa ser socorrida às pressas, antes que termine com um desfecho semelhante às corrompidas Sodoma e Gomorra.
Essas sim, são o exemplo de que existe uma justiça que verdadeiramente funciona!




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